domingo, 6 de abril de 2014

Conselhos


     Confesso que nem sempre consigo seguir os meus próprios conselhos. O que acontece é que há uma grande diferença entre a teoria e a prática. Costumam dizer que, se conselho fosse bom, a gente vendia, não dava. Não concordo. Sempre houve muitos profissionais vendendo conselhos _ em forma de livros de autoajuda, cursos e palestras sobre motivação pessoal (entre vários temas) e de inúmeras outras formas. Quer uma pessoa consiga ou deseje segui-los, ou não, os conselhos, em geral, são bem-intencionados, principalmente quando partem de quem gosta verdadeiramente de nós.    São experiências de vida que os outros querem transmitir, que sentem, inclusive, necessidade de partilhar conosco, a fim de enfrentarmos as situações com menos ansiedade e melhor preparo.
     O que temos de evitar ao máximo (algo que não é raro não conseguimos, por várias razões) são os julgamentos. Quando precisamos de apoio, nem que seja apenas de apoio moral, de um conselho amigo, e somos julgamos por nossos erros (intencionais ou não) nos sentimos péssimos, arrasados. Já diz o velho ditado “Não julgue para não ser julgado”.
     Existe uma absurda indiferença diante de tantas circunstâncias desesperadoras na vida de muita gente. O ser humano sofre e quase ninguém se importa realmente. Quando há alguém para nos ouvir o suficiente para nos aconselhar, temos de sentir gratidão. O que não devemos é confundir conselho com palpite. Há pessoas que se acham no direito de dar palpites na vida dos outros, de serem abelhudas mesmo, de tentarem impor sua opinião. Esses são os tipos de “conselhos” dispensáveis. Quando ouvimos conselhos, temos de refletir e avaliar quem realmente deseja o melhor para nós e, enfim, concluir se também achamos que isso é mesmo o melhor. Quando é o caso, os conselhos são úteis, dão alento, levam a soluções.
     Digo isso por que existem algumas pessoas que se ofendem com conselhos, que os rejeitam sem sequer parar para ouvi-los claramente. Existe, por outro lado, o oposto; ou seja, quando somos nós mesmos que pedimos conselhos a alguém. Daí é que temos de tomar outro cuidado. Temos de usar de toda a franqueza e nos perguntarmos se desejamos mesmo saber a opinião dos outros, ou que eles digam apenas o que queremos ouvir.
     Tenho o costume de pecar por excesso às vezes. Sempre com boa intenção, vivo aconselhando os outros a tudo que tenho a chance. Um dia desses, uma conhecida comentou que a irmã estava com tédio, meio deprimida, sem saber o que fazer. Dei uma relação completa na hora do que uma pessoa pode fazer para ocupar o tempo de uma maneira agradável e, ainda, sem gastar praticamente nada, uma vez que ela estava sem muito dinheiro. Aconselho os outros pelo Twitter, facebook, blogs, telefone, nas salas de espera dos consultórios e até na rua quando me perguntam algo. É da minha natureza.
     Em certas ocasiões, temos a sensação de que estamos no fundo do poço, no fim da linha, e que conselhos são palavras vazias, que não ajudam de maneira concreta. É que, em determinados casos, tudo o que temos a oferecer naquele momento são conselhos, não temos como ajudar de outro modo. Mas tudo que tomar forma de uma mão estendida, seja de que maneira for, é válido. Às vezes, é um conselho aparentemente vazio e inútil que acaba nos colocando no caminho certo de uma solução concreta.
     Se um problema tem solução, não é mais um problema, pois, em algum ponto do futuro, você já o está resolvendo. Assim, ao invés de se martirizar preocupando-se com ele, use sua energia a seu favor, pondo mãos à obra e começando a agir.

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