quarta-feira, 18 de junho de 2014

O Telespectador e os Comerciais

   
 Não sendo profissional da área de propaganda e marketing, posso falar apenas com a propriedade de uma consumidora comum. Mas uma coisa é fato: as pessoas detestam a maioria dos comerciais de modo geral, embora todo mundo saiba que são um “mal necessário”, gerando diversos empregos diretos e indiretos, além do capital imprescindível para as emissoras de tevê e demais veículos. A propaganda e o marketing são fundamentais para as empresas, marcas, ONGs, órgãos governamentais e uma infinidade de negócios e profissionais. Ou seja, nem adianta reclamar dos “reclames”...
     Mas não consigo deixar de ponderar que as pessoas só assistem comerciais em quatro situações:
     1 – Não têm controle remoto e estão sentadas a sós e com a perna quebrada na frente da tevê (Raro.)
     2 – Têm medo de perder a continuação de seu programa favorito, mas, assim mesmo, ficam naquele vaivém de canais e acabam vendo comerciais de vários canais por azar (Neura.)
     3 – Estão deitadas diante de uma tevê ligada no alto da parede da sala de recuperação da anestesia (Tortura.)
     4 – O comercial é criativo, inteligente, divertido, despertando no telespectador a vontade de assisti-lo novamente (Ideal.)
     Quando dá para assistir algo, prefiro um filme em DVD e não tenho muito tempo mesmo para ver tevê _ embora a tevê seja uma ótima companhia diária quando estou cozinhando _, mas é o que tenho observado em relação aos comerciais. Aliás, prefiro a tevê ao vivo, pois é possível ter quase a sensação de que os apresentadores estão “conversando” com a gente. Mas vou mudando de canal nos intervalos...
     Nestes tempos, com tantas opções de entretenimento e com a febre das redes sociais, acredito que as produtoras de comerciais tenham de ser ainda mais criativas para conquistar o público. Afinal, nada mais insuportável do que aquelas propagandas de lojas que ficam berrando com você feito um locutor de hipódromo para que aproveite esta ou aquela liquidação. (Vi uma com uma moça em computação gráfica, de voz suave, que achei legal.) Há as propagandas que têm jingles melosos, não saem da cabeça e fazem você acabar tendo ojeriza do produto; as que são confusas, irreais ou óbvias demais; as que são idiotas querendo passar uma mensagem e, por incrível que pareça, acabam passando justamente a mensagem oposta (“Se você usar “Estombéx”, aí é que o seu estômago vai doer mesmo!) Sem mencionar os comerciais que têm o desplante de aparecer duas ou até três vezes naquele mesmo intervalo enorme... Daqueles que fazem você pensar angustiado: “Ai, não, de novo, não!” Num dia desses, vi uma propaganda tão irritante e sem noção que até agora não entendi como foi aprovada depois de ter passado por tanta gente para avaliação.
     O que todos adoram e comentam são aqueles comerciais inovadores, com um “enredo” interessante, ou divertido, uma ideia genial, belas imagens. Eles certamente acabam entrando para a história da publicidade, ou marcando a história das próprias pessoas, seus bordões sendo, inclusive, incorporados pela linguagem popular.
     No quesito propaganda, outra coisa difícil de aguentar é o “merchan”. Também sei que é necessário, mas, se não for discreto, moderado, torna-se cansativo demais, fazendo a gente querer mudar logo de canal. Um merchan daqui e dali num programa, vá lá, mas há programas em que vemos dois merchans em seguida, três minutos de assunto, mais dois merchans seguidos e, então, ouvimos: “Voltamos já, após os nossos comerciais”. Oh, e o que mais nos dizem! “Não saia daí, a gente volta logo!”; “É rapidinho!”, “Não mude de canal!” Ah, “tá”...
     Ainda na questão dos merchans, acho geniais os que passam no CQC, por exemplo, com os integrantes do programa mostrando rapidamente os produtos em diversas situações bem-humoradas. Os programas femininos deveriam usar o merchan nos próprios quadros quando possível. Ou seja, poderiam fazer o inevitável merchan de produtos enquanto ensinam uma receita, um “passo a passo” de artesanato e assim por diante. Mas sem exagero, com a devida moderação.
     A tevê a cabo anda seguindo a mesma linha. Você paga a assinatura e tem de engolir praticamente até mais comerciais do que em certas emissoras da tevê aberta. E incluo nessa os comerciais dos próprios programas da grade. Chega a ser nauseante ouvir oitocentas vezes a mesma coisa sobre o programa X ou Y nos intervalos. Acho interessante quando se incluem algumas outras coisas nos intervalos como videoclipes e animações breves.
     Existem até recursos modernos que permitiriam “pular” os comerciais, mas são fortemente combatidos, pois as redes dependem da publicidade como principal fonte de receita. Seria inviável, naturalmente, que não existissem os comerciais, mas, além de mais criativos, acho que deveriam ser mais bem dosados. Como todos já notaram, um programa de 30 minutos, interrompido a cada 5 minutos por sequências intermináveis de propaganda, acaba tendo uma duração real de praticamente metade do tempo. E o telespectador apela mesmo para o controle remoto...

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