Mas não consigo deixar de
ponderar que as pessoas só assistem comerciais em quatro situações:
1 – Não têm controle remoto e
estão sentadas a sós e com a perna quebrada na frente da tevê (Raro.)
2 – Têm medo de perder a
continuação de seu programa favorito, mas, assim mesmo, ficam naquele vaivém de
canais e acabam vendo comerciais de vários canais por azar (Neura.)
3 – Estão deitadas diante de
uma tevê ligada no alto da parede da sala de recuperação da anestesia (Tortura.)
4 – O comercial é criativo,
inteligente, divertido, despertando no telespectador a vontade de assisti-lo novamente
(Ideal.)
Quando dá para assistir algo, prefiro
um filme em DVD e não tenho muito tempo mesmo para ver tevê _ embora a tevê seja
uma ótima companhia diária quando estou cozinhando _, mas é o que tenho
observado em relação aos comerciais. Aliás, prefiro a tevê ao vivo, pois é
possível ter quase a sensação de que os apresentadores estão “conversando” com
a gente. Mas vou mudando de canal nos intervalos...
Nestes tempos, com tantas opções de
entretenimento e com a febre das redes sociais, acredito que as produtoras de
comerciais tenham de ser ainda mais criativas para conquistar o público.
Afinal, nada mais insuportável do que aquelas propagandas de lojas que ficam
berrando com você feito um locutor de hipódromo para que aproveite esta ou
aquela liquidação. (Vi uma com uma moça em computação gráfica, de voz suave,
que achei legal.) Há as propagandas que têm jingles
melosos, não saem da cabeça e fazem você acabar tendo ojeriza do produto; as
que são confusas, irreais ou óbvias demais; as que são idiotas querendo passar
uma mensagem e, por incrível que pareça, acabam passando justamente a mensagem
oposta (“Se você usar “Estombéx”, aí é que o seu estômago vai doer mesmo!) Sem
mencionar os comerciais que têm o desplante de aparecer duas ou até três vezes
naquele mesmo intervalo enorme... Daqueles que fazem você pensar angustiado:
“Ai, não, de novo, não!” Num dia desses, vi uma propaganda tão irritante e sem
noção que até agora não entendi como foi aprovada depois de ter passado por
tanta gente para avaliação.
O que todos adoram e comentam
são aqueles comerciais inovadores, com um “enredo” interessante, ou divertido,
uma ideia genial, belas imagens. Eles certamente acabam entrando para a
história da publicidade, ou marcando a história das próprias pessoas, seus
bordões sendo, inclusive, incorporados pela linguagem popular.
No quesito propaganda, outra
coisa difícil de aguentar é o “merchan”. Também sei que é necessário, mas, se
não for discreto, moderado, torna-se cansativo demais, fazendo a gente querer
mudar logo de canal. Um merchan daqui e dali num programa, vá lá, mas há
programas em que vemos dois merchans em seguida, três minutos de assunto, mais
dois merchans seguidos e, então, ouvimos: “Voltamos já, após os nossos
comerciais”. Oh, e o que mais nos dizem! “Não saia daí, a gente volta logo!”;
“É rapidinho!”, “Não mude de canal!” Ah, “tá”...
Ainda na questão dos merchans,
acho geniais os que passam no CQC, por exemplo, com os integrantes do programa
mostrando rapidamente os produtos em diversas situações bem-humoradas. Os
programas femininos deveriam usar o merchan nos próprios quadros quando
possível. Ou seja, poderiam fazer o inevitável merchan de produtos enquanto
ensinam uma receita, um “passo a passo” de artesanato e assim por diante. Mas
sem exagero, com a devida moderação.
A tevê a cabo anda seguindo a
mesma linha. Você paga a assinatura e tem de engolir praticamente até mais
comerciais do que em certas emissoras da tevê aberta. E incluo nessa os
comerciais dos próprios programas da grade. Chega a ser nauseante ouvir
oitocentas vezes a mesma coisa sobre o programa X ou Y nos intervalos. Acho interessante
quando se incluem algumas outras coisas nos intervalos como videoclipes e animações
breves.
Existem até recursos modernos que
permitiriam “pular” os comerciais, mas são fortemente combatidos, pois as redes
dependem da publicidade como principal fonte de receita. Seria inviável,
naturalmente, que não existissem os comerciais, mas, além de mais criativos,
acho que deveriam ser mais bem dosados. Como todos já notaram, um programa de
30 minutos, interrompido a cada 5 minutos por sequências intermináveis de
propaganda, acaba tendo uma duração real de praticamente metade do tempo. E o
telespectador apela mesmo para o controle remoto...
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